Escolas de samba do Grupo Especial apresentam enredos; confira

Público já pode se preparar para shows que serão apresentados nos desfiles de 2024

No calendário estamos só em julho, mas os preparativos das escolas de samba para o próximo Carnaval começaram no dia seguinte ao final da folia. É que a teia dos mil detalhes precisa e requer atenção, com estudo e muito trabalho. 

Assim, as agremiações já trouxeram para conhecimento do grande público quais serão os enredos que darão norte aos desfiles. Acadêmicos do Salgueiro, Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense, Porto da Pedra (que retorna ao Grupo Especial), Unidos da Tijuca, Beija-Flor, Vila Isabel, Mangueira, Acadêmicos do Viradouro, Paraíso do Tuiuti, Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela. 

Para saber mais, nós listamos um resumo de cada enredo trazido pelas escolas. Confira: 

Acadêmicos do Salgueiro

Sinopse: Há mais de mil anos, os Yanomami vivem na maior Terra Indígena (TI) do país, em um território ao norte do Brasil e sul da Venezuela, nos estados do Amazonas e Roraima, nas bacias do Rio Negro e do Rio Branco. Ou seja, quinhentos anos antes dessas duas nações existirem, eles já estavam lá. Viver na floresta é um ofício que requer uma sabedoria ancestral, não fabricada em laboratório, nem encontrada nas páginas dos livros do “povo da mercadoria”. Viver na floresta como Yanomami é ser parte dela. É conviver com seres humanos e não humanos, animais, plantas, vento, chuva e milhares de espíritos.

“Omama recriou a floresta, pois a que havia antes era frágil. Virava outra sem parar, até que o céu desabou sobre ela. Por isso, Omama criou uma nova floresta, mais sólida, cujo nome é Hutukara”

Grande Rio

“Nosso destino é ser onça”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, fala sobre a criação do mundo a partir da ótica da cosmovisão dos povos tupinambá, que se conecta com visões de indígenas brasileiros e latinos, tomando a onça como símbolo.

Incontáveis são as histórias que narram a origem do mundo. Criação, destruição, recriação – eterno retorno. Aqui, falaremos do “eterno devir”. Imortalidade e futuro! Nos rastros, pelas trilhas de Alberto Mussa, o mito Tupinambá restaurado é um mosaico de cosmovisões de nações indígenas que habitavam (e habitam) o Brasil há milhares de anos. 

Imperatriz Leopoldinense 

Conto, em meio ao carnaval, que uma cigana chamada Esmeralda deixou por escrito um testamento onde constam os ensinamentos para que os sonhos possam ter compreensão, ou a sina de uma pessoa ser revelada. O fato é que esse testamento foi trazido para o Brasil por um grupo de ciganos que, em caravana e ao redor de fogueiras, espalhou festa, música, circo, dança e a crença popular naquilo que o testamento guardava. Conto-lhes então que esse testamento parou nas minhas mãos como uma espécie de manual mágico para a interpretação dos delírios de quem dorme; das datas felizes e azaradas, das linhas que cruzam a palma da mão para traçar destinos e dos planetas que se movem. Ao lê-lo, desde então, quero a alegria de adormecer nos braços de Morfeu pra colher um sonho bom, tal qual consta nas linhas escritas pela cigana. Sonhar com cisne pra esperar candura. Com rosa encarnada, pra ser feliz sem demora. De olhos fechados, sonhar com urso ou macaco, para que, de olhos abertos, eu possa botar fé no jogo certo. Ganhar na dezena e na centena. Quebrar a banca quando der doze no milhar e, na véspera, em sonho, eu avistar um elefante. Ciente do que diz o testamento, peço apenas que com pressa me acordem caso, em sonho, o vulto de um sultão vier me visitar.

Sei de cor e salteado (e foi lendo o testamento da cigana que eu aprendi) que há dias nos quais o azar se põe a espreitar. Por isso, malandro que sou, piso manso pra não vacilar. Espero aquilo que não se antecipa nem se atrasa. O que é meu – a cigana me contou – tem data e hora marcada pra chegar. Tá escrito na palma da mão que a linha da fortuna vai fazer valer o meu corre-corre pra não deixar a peteca cair. Que a linha da vida é forte e que a linha do amor é fino traço, quase corda bamba, onde é bom se equilibrar com a expectativa de não cair, enquanto espero que pinte aquele sorriso que vai pintar a vida que eu quero (e que todo mundo quer) de rosa.

Sei que tá na palma da mão o que se ganha e se perde. Que tá no céu o tempo bom e o tempo mau. Nos planetas que mudam de lugar. Conto-lhes o segredo que habita o céu desde o tempo dos faraós: quando os astros se movem, quem erra também pode passar a acertar. A vida embolada pode embalar. Quem chora pode então gargalhar. O de cima descer. O de baixo subir. O zodíaco anunciar que a sorte virá, o sol entrar em peixes, o brilho lunar entrar em aquário, o balanço das marés fazer as coisas mudarem, o calendário marcar fevereiro, quem é bamba bombar, a Escola decolar. E é aí que (foi a cigana quem me antecipou) ninguém segura, amarra ou prende quem nasceu com a sina de ter sorte virada pra lua.

Porto da Pedra 

A Unidos do Porto da Pedra apresentou na sexta-feira, 19, a sinopse do enredo para o Carnaval 2024: “O Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”, que celebrará o saber popular utilizando o “Lunário Perpétuo”, seus ensinamentos e desdobramentos, como guia precioso do enredo do Carnaval 2024.

Mocidade 

A Mocidade Independente de Padre Miguel levará para a Marquês de Sapucaí ‘’Pede caju que dou…pede caju que dá’’. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira e contou com a pesquisa e argumentação do jornalista Fábio Fabato.

“Na cabeça, uma Estrela. No corpo suave, o rebolado passista e a pulsação do tambor. Que tal a deliciosa carne de carnaval, o salivar permitido, lamber os beiços longe de qualquer pingo de culpa? Cá estou, servida de bandeja com a dose de feitiço que me fez banquete desejado desde moça. Sou a Mocidade e em 2024 vou cravar meus dentes em carne de Caju para saborear o essencial da alma do Brasil”.

Unidos da Tijuca

Com o ‘’Contos de Fados’’, a Tijuca embarca em uma viagem a uma Portugal mítica e mística repleta de fábulas. Um enredo que contará, em clima de encantamento, fatos, mistérios e lendas populares que pairam sobre a formação dessa nação.

Nessa história, um dos protagonistas será o “Fado”, que em seus múltiplos significados, além de representar o gênero musical típico lusitano, traz consigo a ideia de destino e de fabulação. Nesse jogo de palavras o “Conto de Fada” se torna “Conto de Fado”, o lúdico e o imaginário interagem com as histórias narradas, inventadas, repaginadas.

Beija-Flor

Em seu “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, a Beija-Flor trará as nobrezas de Maceió, de Nilópolis e da Etiópia. Um encontro mágico de personagens reais, mas que nunca se viram, guiados pela luz dos encantados e da ancestralidade, com as cores, os ritmos e os pisados dos folguedos das Alagoas. Um delírio baseado na realidade, desafiando o espaço e o tempo, algo que só o Carnaval pode nos brindar.

O desejo é mergulhar em Gonguila para contar como ele viu a corte de Haile Selassie embarcar numa jangada encantada para conhecer, do outro lado do mundo, os folguedos de uma terra de cores intensas, brisa mansa e mares quentes. Viajaremos no tempo e na mente do príncipe etíope dos carnavais alagoanos para mostrar o encontro dele com a Deusa da Passarela e seus soberanos.

Vila Isabel

Para o Carnaval de 2024, a Vila Isabel reeditará “Gbala: uma viagem ao Templo da Criação”, criado em 1993 por Oswaldo Jardim, e que será agora assinado por Paulo Barros. O samba-enredo é de autoria de Martinho da Vila. 

“Partindo de uma narrativa fictícia, utilizando a cultura Yorubá como base criativa, não só prestaremos uma homenagem ao artista (Oswaldo Jardim, já falecido) como também visitaremos nosso baú de memórias, propondo uma reflexão sobre nosso planeta, as mazelas que os humanos fazem à Terra e a possibilidade de nos salvarmos através das crianças e sua candura.

Mangueira

Homenageando a cantora Alcione, a Mangueira comemora seu 95 anos de fundação com o enredo “A Voz Negra do Amanhã”, criado e desenvolvido pelos carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão. A base para nossa narrativa será os caminhos percorridos pela cantora na construção de seu amanhã. Esses se dão, principalmente, por suas crenças, que promovem sentido à sua caminhada, aliado à música que lhe acompanha desde menina como missão e a cultura popular que a formata enquanto artista.

Acadêmicos do Viradouro

A Unidos do Viradouro fará sua folia com “Arroboboi, Dangbé”, que contará sobre a energia do culto ao vodum serpente. Criado e desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, o enredo narra a energia do culto que se estabelece no Brasil com a instalação de terreiros na Bahia por Ludovina Pessoa, sacerdotisa daomeana que veio com a missão de perpetuar a crença nos voduns. Ludovina também se torna liderança nas irmandades católicas e na formação do que hoje é o candomblé Jeje. Essa linhagem tem como referência o Terreiro do Bogum, centenário templo religioso em Salvador, dedicado à Serpente.

Paraíso do Tuiuti

“Glória ao Almirante Negro!”. É com este enredo que a Tuiuti levará para a avenida a história de João Cândido,  marinheiro brasileiro que se engajou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatadas sofridas pelos colegas. Todo o desenvolvimento será do carnavalesco Jack Vasconcelos.

Portela

O enredo da Portela para o próximo carnaval será “Um Defeito de Cor”, de André Rodrigues e Antônio Gonzaga, baseado na obra homônima da autora Ana Maria Gonçalves. O anúncio foi feito neste sábado, 01 de abril, durante a feijoada da escola. Na ocasião, a Majestade do Samba apresentou oficialmente a equipe que fará o Carnaval 2024: a porta-bandeira, Squel Jorgea – que será par do mestre-sala, Marlon Lamar -; o diretor de carnaval, Junior Schall, o diretor de harmonia, Julinho Fonseca e a dupla de carnavalescos.

Para o Carnaval de 2024, o sonho da G.R.E.S Portela está baseado no principal fator simbólico que dá consistência para ela ser o que é e chegar onde chegou: O Afeto. Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, o enredo traz uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim. Essa poderia ser a história da mãe de qualquer um de nós, ou melhor dizendo, é a história das negras mães de todos nós.

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