Conhecido como ‘’Passarela Popular do Samba’’,o Carnaval da Intendente Magalhães é o local por onde passam as agremiações das séries Prata, Bronze e grupo B.
Por ali, concentram-se as escolas que disputam uma vaga na elite do samba carioca, e que com empenho e dedicação, fazem um show à parte com suas apresentações que atravessam bairros importantes da Zona Norte.
Com 19 quilômetros do Centro da cidade, a Intendente Magalhães corta os bairros de Campinho, Oswaldo Cruz, Madureira, Cascadura, Bento Ribeiro e Vila Valqueire. A via, recheada de lojas de automóveis, integrava a antiga Estrada Real de Santa Cruz. Sua história aponta a expansão do Rio, além de refletir sobre as relações culturais de seu povo e realidades.
O palco da Nova Intendente
Em 2023, os desfiles ocorreram na continuação da estrada, a Avenida Ernani Cardoso, mais ampla e com infraestrutura para abrigar o público e para a mobilização do staff e dos carros alegóricos. A estrutura da Nova Intendente contou com cenografia e iluminação especial, lounge, camarotes, praça de alimentação, cabines de jurados e frisas laterais. As arquibancadas, que antes recebiam até duas mil pessoas, receberam durante os dias da festa a cinco mil foliões.
Ao todo, 54 escolas de diversas regiões do estado do Rio passaram por lá, como a União de Maricá, da cidade de mesmo nome; a Acadêmicos do Cubango, de Niterói; e ainda algumas da própria região, como a Tradição e a União de Jacarepaguá; escolas tradicionais, como a Vizinha Faladeira, a Caprichosos de Pilares e a Acadêmicos da Rocinha; e recém-criadas, como a Tubarão de Mesquita, de 2021.
A distância entre os carnavais da elite e do subúrbio
A história dos desfiles das escolas de samba cariocas mostra uma concentração na região central da cidade: primeiro, na Praça Onze; depois, na Avenida Presidente Vargas, e por fim na Avenida Marquês de Sapucaí.
Desde sua inauguração, apenas escolas da elite garantiam vaga. As demais agremiações apresentavam-se na Avenida Rio Branco e em outros locais de forma não oficial, como a Avenida 28 de Setembro, a Dias da Cruz e a Intendente Magalhães. Esta última via conquistava prêmios de rua mais enfeitada para o carnaval, e a Tradição, escola de samba localizada no Campinho e que surgiu como dissidência da Portela em 1987, utilizava o espaço para ensaios abertos.
Em 2002, o carnaval da Intendente passou a ser oficial, quando os desfiles da quinta e da sexta divisão, que ocorriam em Bonsucesso, foram transferidos devido a questões de segurança. Em 2005, a quarta divisão também passa a desfilar na via, e a festa ganha arquibancadas tubulares, cabines de jurados e espaço para imprensa.
A festa na passarela popular do samba cresceu, mas, com recursos escassos, cabia aos carnavalescos a arte de improvisar. A compositora Thayssa Menezes lembra de momentos de superação, como no convite de baianas de outras escolas para preencher as alas. Ela acredita que a experiência na produção do Carnaval da Intendente é engrandecedora para qualquer profissional do samba.